Nesta segunda-feira (14/6), os professores e demais profissionais que atuam nas escolas da rede estadual dos municípios localizadas dentro da onda amarela ou verde do plano Minas Consciente e que a prefeitura não apresentou restrições começaram a retornar presencialmente.
Além de encontrarem um ambiente diferente, adaptado com todas as medidas de segurança sanitárias que a situação de pandemia exigem, o acolhimento dos profissionais marca um passo importante no início do ensino híbrido que será desenvolvido pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG).
Nas escolas, o momento está sendo usado para estreitar ainda mais os laços - depois de mais de um ano apenas com atividades remotas -, e para reforçar a necessidade de acesso à informação oficial e evitar o repasse de informações inadequadas que acabem por gerar a sensação de insegurança nos profissionais. Para isso, foi elaborado um guia para ajudar nesta etapa, com orientações para o recebimento, tanto dos profissionais, quanto dos alunos. Atualmente, 107 escolas estaduais, localizadas em 37 municípios, retomam as atividades presenciais com os professores nesta semana e, com os alunos, a partir de 21 de junho.
Os gestores das unidades realizaram as adaptações e intervenções necessárias nos espaços escolares, além da compra de itens de higiene, limpeza e equipamentos de proteção individual, para que a retomada seja segura para todos, com a aplicação de um checklist criterioso para cumprimento dos protocolos sanitários da Secretaria de Estado de Saúde. A volta será gradual, começando com as turmas de 1º ao 5º ano do ensino fundamental, e é facultativa às famílias.
Sendo assim, nos casos que os pais ou responsáveis optarem por não liberar o estudante ao ensino presencial, será mantido o regime totalmente remoto, para garantir a continuidade dos estudos. O estudante que optar em permanecer com suas atividades de forma remota, não terá prejuízo em seu desenvolvimento.
No Guia Prático de Acolhimento estão indicações e orientações como a importância da realização da escuta ativa, a composição da equipe que vai receber esses profissionais, como criar uma rede de proteção social e grupos de apoio e como abordar professores, alunos e famílias. “É importante que o contexto pedagógico disponha de espaço para uma escuta sensível, onde crianças, jovens e adultos se deixem escutar uns aos outros e a si próprios, proporcionando percepção, reflexão e ação, de maneira a transformar ensino aprendizagem em conhecimento e competência”, destaca trecho do material.
De acordo com a superintendente de Políticas Pedagógicas da SEE/MG, Esther Augusta Nunes Barbosa, este momento de escuta é muito importante. Ela recomenda que seja feita uma escuta ativa, acolhendo as sugestões dos professores e seus sentimentos, e que isso também alcance os alunos quando da volta de cada um. “Esse é um processo necessário para que a gente resgate, e não aprofunde, as desigualdades educacionais que já são inerentes à sociedade, mas que a gente não aprofunde ainda mais”, pontua.
A intenção é que o ensino híbrido possa ser mais um importante passo para que as dificuldades verificadas possam ser sanadas. Por isso, segundo Esther, essa convivência construída de forma harmônica e à luz de informações corretas e repassadas de forma empática possa dar o tom das ações. “Que daqui em diante possamos fazer um processo de recuperação pedagógica das aprendizagens para que os estudantes voltem a conviver com seus pares e se desenvolver conjuntamente. E que retomem à escola com a confiança que sempre tiveram no corpo de professores e servidores. E que ele tenha a acolhida de suas demandas, dos seus temores, o receio do não aprendizado, para que ele retome a segurança de ser o estudante e quem ele”, frisa.
De volta
Nas unidades de ensino, a segunda-feira foi usada para uma conversa e o acolhimento entre a direção e os professores para marcar a volta. Na Escola Estadual Menino Jesus de Praga, em Caratinga, a diretora Maria Laurieves de Miranda - mais conhecida como Laurinha -, recepcionou os profissionais com uma roda de conversa. “Aqui eles foram recepcionados com as orientações, com acesso aos protocolos. Passamos a manhã toda estudando, conversando e discutindo a retomada”, contou. Ainda de acordo com Laurinha, desde que a SEE/MG começou os encaminhamentos para esse retorno, o grupo tem feito reuniões e discutido o assunto por meio de aplicativos de troca de mensagens. Além disso, na medida em que a escola ia sendo preparada com o checklist, vídeos mostrando as etapas foram encaminhados para a comunidade escolar.
A diretora ainda destaca que esse acolhimento está sendo importante para dar mais confiança àqueles que ainda estão receosos. “Temos professores com ânsia de retorno e outros ainda um pouco inseguros. Mas essa conversa, com a presença até da nossa superintendente regional, nos ajudou a passar mais segurança”, destacou. A expectativa da escola, segundo levantamento com os pais, é de que cerca de 70% dos alunos voltem presencialmente.
Na Escola Estadual Professor Francisco Letro, em Coronel Fabriciano, a situação também é positiva em relação ao encaminhamento. Segundo a diretora da unidade de ensino, Marilene Pimentel, os professores estão sendo recebidos nos seus turnos e, além da conversa, todo o ambiente da escola também está sendo usado para trabalhar as informações e dar esse aconchego para a volta. “A escola está pronta com todos os cuidados necessários. Amanhã teremos reuniões com essa acolhida”, afirma. Na escola essa troca de informações também já vem ocorrendo desde antes, o que ajuda a deixar o processo mais transparente, como destaca Marilene. “Temos a segurança do trabalho que fizemos aqui e preparamos com todo cuidado e carinho a chegada dos professores e, na sequência, dos alunos”.
Em Coronel Fabriciano, outras redes de ensino já voltaram a ter atividades presenciais, o que, na opinião dela, deixa a situação cercada de menos dúvidas. Marilene conta que levantamento feito com os pais apontou que 90% querem o retorno e vão enviar os filhos à escola. Todo o cenário contribui para a satisfação com a volta das atividades na escola. “Estamos muito felizes. Até então estávamos nos abraçando com os olhos, nos olhares pela tela, agora vamos poder nos abraçar com os cotovelos”, brinca, emendando que anseia pelos abraços de verdade.