Seja no desenvolvimento das atividades remotas, seja nas atividades presenciais na escola, a parceria entre os professores da turma, os profissionais de Atendimento Educacional Especializado (AEE) e as famílias é fundamental para o bom desenvolvimento do trabalho pedagógico com os estudantes público da educação especial.
A sintonia desse trabalho conjunto e dedicado traz resultados significativos e tem feito a diferença no aprendizado de crianças e jovens que estudam na rede estadual de ensino, com a garantia do atendimento educacional especializado voltado para as necessidades de cada aluno.
Na Escola Estadual Celmar Botelho Duarte, em Belo Horizonte, é essa parceria que tem ajudado no desenvolvimento educacional do José Francisco Ottoni Torquette. Ele é aluno do 1º ano do ensino fundamental, com autismo, e começou a ser alfabetizado ainda no ensino remoto. Além do apoio dos pais, as aulas ministradas pela professora regente e de apoio conseguiram atender às suas necessidades.
“A professora regente se utiliza de muitas ações lúdicas para envolver os alunos e isso resgatou no José uma vontade que ele não tinha mais. Já a professora de apoio está sempre acompanhando e adaptando as situações. Por exemplo, ela sabe a hora que ele precisa sair e retornar e o ajuda a ficar mais focado. Ela o conhece muito bem”, conta a mãe Leandra Duarte Ottoni Torquette.
A parceria entre família e escola começou logo no início do ano. “A professora de apoio fez um questionário comigo para conhecê-lo e entender suas limitações”, destaca Leandra. Esse conhecimento que a professora de apoio, Bruna Ribeiro da Fonseca, tem do José Francisco tem feito a diferença. “Vamos fazendo o Plano de Estudo Tutorado (PET) aos poucos. A ideia é não deixar acumular os conteúdos. Às vezes percebo que ele está mais agitado e converso com ele ou sei que ele precisa dar uma volta e depois continuamos a atividade”, conta a professora.
A coordenadora de Educação Especial e Inclusiva da Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG), Suéllen Fernandes Coelho, explica que a trabalho dos professores de AEE, que são responsáveis por adaptar conteúdos para os alunos da educação especial, deve acontecer de forma colaborativa com o trabalho dos professores regente. “Esse diálogo entre os profissionais muito contribui para que as adaptações sejam realizadas da forma mais assertiva possível”. Ela também destaca a importância da parceria entre escola e família, em especial neste momento em que as aulas acontecem no formato híbrido. “A família tem condições de dizer coisas específicas daquele estudante, às vezes uma forma de como lidar com ele ou alguma área de interesse. Algo que possa agregar informações para o trabalho do professor”, relata Suéllen.
Maria de Fátima Montes Claros, conhecida como Fatinha, é a professora regente do José Francisco. Ela destaca a importância do trabalho que desempenha com os alunos e das ações realizadas em conjunto com a professora de apoio.“O aluno público da educação especial precisa de interagir com os colegas, perceber o mundo que ele está inserido e crescer. A inclusão propicia isso. Eu procuro chamar atenção para os acontecimentos da sala de aula, vivência diária. Além disso, faço um trabalho bem próximo com a professora de apoio. Temos uma comunicação para um objetivo só”, diz Fatinha.
Sala de recurso
As atividades presenciais também deram aos estudantes que necessitam do AEE a oportunidade de participar das atividades ofertadas nas salas de recursos. No espaço, o aluno recebe atendimento educacional complementar ao que é ofertado em sala de aula, que propiciam o desenvolvimento cognitivo, das linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização, ajudas técnicas e tecnologias assistivas. Em todo estado, são cerca de 1500 salas de recursos.
Nela, participam estudantes com deficiências, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Altas Habilidades/Superdotação.
Na Escola Estadual Doutor Alípio Fernandes, em Inhapim, a professora de sala de recursos, Eliane Bicalho Garcia, busca ofertar atividades diferenciadas para os alunos. “No remoto, trabalhamos as habilidades de vida diária, como hábitos de higiene e auxiliar os alunos a desenvolverem uma vida mais independente. Já no presencial, temos a oportunidade de trabalhar com o raciocínio lógico e com outras atividades na sala de recursos”.
A educadora destaca ainda a importância da sala de recursos para os estudantes. “Para os alunos que estão no remoto eu busco sempre confeccionar jogos e outros materiais concretos, mas a sala de recursos é muito importante por causa dos materiais que ela oferece, como jogos de memória, encaixe, massinha, entre outros”, afirma Eliane. Ela também fala da alegria dos alunos em retornar. “Eles voltaram muito entusiasmados. Estavam sentindo muita falta”, relata. As aulas nas salas de recursos acontecem no contraturno das aulas.
Brayn Joseph de Melo Moreira é aluno do 3º ano do ensino fundamental e participa das atividades da sala de recursos da escola. Sua mãe, Glicy Eugenia de Melo Moreira, elogia muito o atendimento ofertado pela unidade de ensino. “A escola acolhe as crianças e oferece um atendimento diferenciado. Ela recebe os alunos com amor, carinho e respeita a individualidade de cada um deles. O trabalho também é feito em parceria com a família”.
Além de participar das atividades da sala de recursos, Brayn Joseph também conta com um professor de apoio. Ele é diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Glicy também ressalta a importância do trabalho desenvolvido. “Os professores trabalham em parceria e isso faz com que eles ajudem muito no desenvolvimento da criança. A partir do momento que o meu filho iniciou o 1º ano na escola, ele progrediu muito”, afirma.
Com as atividades presenciais, Glicy conta ainda que já percebeu a evolução do filho. “Eu percebi que o Brayn na sala de recurso fica mais concentrado nas atividades. Ele desenvolve mais o raciocínio lógico, tem mais autonomia para resolver as situações do dia a dia”, contou a mãe comemorando o retorno do filho.