Uma história, diversas possibilidades. Assim é a experiência de quem lê e se permite entrar no universo das palavras e do conhecimento. Muito além de conteúdos didáticos, os materiais literários e livros com histórias também são estratégias pedagógicas de ensino e aprendizagem, principalmente nos anos iniciais da educação básica.
De acordo com o Currículo Referência de Minas Gerais (CRMG), práticas diversificadas de letramento são importantes para garantir aos estudantes amplas oportunidades de apropriação do sistema de escrita alfabética de modo articulado ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita. Mergulhados em enredos diversos, os estudantes aprendem enquanto se divertem.
“O uso da tecnologia vem afastando os nossos alunos da necessidade do ato de ler, e da importância da leitura em nossas vidas. Por isso, a criação do projeto Leiturômetro, que busca despertar o interesse pela leitura, incentivando e resgatando o valor da leitura de maneira significativa”, ressalta a professora Nívia Maria Aparecida de Resende, da Escola Estadual Macuco de Minas, em Itumirim, que coordena o Projeto “Leiturômetro” com os alunos do 4º ano do ensino fundamental.
Por meio do projeto, os alunos leem um livro por semana e têm a oportunidade de apresentar a história para a turma. A iniciativa tem o objetivo de despertar o gosto pela leitura, promover o desenvolvimento do vocabulário, possibilitar vivência de emoções e desejos por novas leituras, assim como incentivar a livre expressão da ideia e a compreensão da importância da leitura. A cada livro lido, o estudante colore um “livrinho” desenhado no painel “Leiturômetro”. Todos os alunos que finalizarem o painel, colorindo todos os livrinhos, recebem um brinde de incentivo.
“A leitura é uma prática que traz inúmeros benefícios aos leitores e quando estimulada desde a infância os impactos positivos podem ser muito maiores”, destaca Nívea, que ainda aponta que, com esse projeto, os alunos desenvolveram a concentração, a memória, o raciocínio e a compreensão, além de conseguirem aperfeiçoar a linguagem oral e ampliar a capacidade criativa.
Lívia Maria da Silva Vieira, aluna da instituição, ressalta que o Leiturômetro a ajudou a desenvolver mais vontade de ler e que esse costume a auxiliou no aprendizado das matérias na escola. “Algumas sílabas e algumas letras que eu não sabia diferenciar, agora com o projeto Leiturômetro eu consigo”. Assim como ela, Enzo Gabriel de Oliveira afirma que com a leitura dos livros já conseguiu ampliar seus conhecimentos, como saber que a capital dos Estados Unidos é Washington e que começou a ler mais livros e ficou melhor na leitura.
Já o Projeto Jardim Literário, iniciativa da Escola Estadual Professora Ormy Araújo Amaral, em Patrocínio, promove leituras direcionadas ao ar livre, no jardim da escola, tornando o hábito de ler algo prazeroso e leve. Os alunos, após escolherem o livro em uma lista de sugestões fornecida pela escola, leem esses exemplares e fazem uma atividade de fichamento, com detalhes sobre a obra. Após essa etapa, eles têm a oportunidade de ir para o ambiente externo da escola e apreciarem as partes que mais gostaram.
O momento da leitura no jardim da escola acontece com horários e datas pré-estabelecidas, quando uma turma por vez tem a oportunidade de experimentar a leveza de ler debaixo de uma árvore. Todos os alunos do Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI) da escola participam desse projeto. A iniciativa consiste não só na leitura de obras literárias, como também na análise e síntese do contexto histórico narrado e apresentação das obras lidas, por meio da ficha de leitura. Além disso, há o momento de trocas de ideias, onde os educandos têm a oportunidade de contar as partes principais das obras lidas.
“Procuro explorar a diversidade dos gêneros textuais, nos contextos literários variados, buscando elevar a autoestima dos alunos através de descobertas de suas potencialidades, em um ambiente prazeroso como o jardim da escola”, ressalta a professora Nilia Helena Ferreira Costa, coordenadora do Jardim Literário.
O estudante Matheus Fernando Santos de Paula, do 3º ano do EMTI na instituição, destaca que o costume da leitura o ajudou a entender o enunciado de provas, assim como a compreender melhor os textos, tanto no âmbito escolar como no dia a dia. “O que eu mais gostei no projeto foi a maneira como a escola incentivam os alunos a explorar esse horizonte da leitura. O que mais mudou no meu dia a dia na escola foi o aumento do vocabulário e o aprimoramento da minha fala e de poder me expressar melhor“, reforça.
Incentivo
Além dessas ações realizadas pelas escolas, há também o incentivo por meio da Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG), que investe em vales-livros para que os estudantes de instituições estaduais tenham oportunidade de adquirir exemplares em feiras do livro. Para muitos desses alunos, essa é uma oportunidade única para adquirir uma obra literária. Só em 2022, foram mais de R$ 10 milhões investidos em vales-livros para estudantes. Para 2023, estão previstos mais de R$ 11 milhões para os estudantes.
Fotos: SEE/Divulgação