O Vale do Jequitinhonha, região que abriga alguns dos municípios de Minas Gerais com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), está vendo essa realidade mudar. Em julho deste ano, exportou os primeiros lotes de lítio, quando cerca de 15 mil toneladas do mineral foram enviadas à China.
Esse é o marco do nascimento de um novo pólo econômico no estado, o Vale do Lítio e, com ele, surge também a necessidade de mão de obra técnica qualificada, seja para atender as empresas que estão se instalando na região, ou para a cadeia indireta da expansão da atividade econômica, como a do turismo.
Atento a essa demanda crescente, o Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG), em parceria com as Secretarias de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede) e de Desenvolvimento Social (Sedese), mantém análise dos dados de empregabilidade, a fim de oferecer de forma mais assertiva cursos técnicos profissionalizantes do programa estadual Trilhas de Futuro.
Dois levantamentos já foram feitos neste ano: um pela Sede, em escuta ativa com o setor produtivo; e outro pelas 47 Superintendências Regionais de Ensino (SREs) da SEE/MG, a partir das demandas apresentadas localmente. Outro conjunto de dados utilizado é o Mapa de Demanda por Educação Profissional, elaborado pela Sedese, que é referência nacional.
A partir desses estudos, o Estado disponibilizará, nos próximos dias, uma lista com os cursos demandados por região que podem fazer a diferença na trajetória profissional dos mineiros. O informativo – que será divulgado no site da SEE/MG – será apresentado antes do edital de credenciamento das instituições para a 4ª edição do Trilhas de Futuro, com chamada prevista para setembro. Assim, as instituições poderão analisar a possibilidade de disponibilizar em suas estruturas novos cursos promovidos pelo Governo de Minas, com um catálogo de oportunidades já alinhado às possibilidades de empregabilidade em cada região.
Jequitinhonha
No Vale do Lítio, que engloba os municípios de Araçuaí, Capelinha, Salinas, Teófilo Otoni e Turmalina, que fizeram parte do mapeamento, já estima-se uma demanda de 1.600 vagas no setor de eletrotécnica, química, mecânica, contabilidade, segurança do trabalho, administração, manutenção de máquinas pesadas, mineração, edificações, hidrologia, metalurgia, agroindústria e florestas.
“Nós realizamos rotineiramente uma pesquisa com as empresas mineiras sobre suas demandas por capacitação profissional. Essas pesquisas subsidiam a SEE/MG para priorizar os cursos técnicos do Trilhas de Futuro. A pesquisa tem foco estratégico em setores potenciais. Por exemplo, energias renováveis e, mais recentemente, a cadeia do lítio e de baterias elétricas, no Vale do Jequitinhonha. Realizaremos um mapeamento específico para o Vale do Lítio nos próximos meses para entender toda a demanda que se fará necessária para a expansão econômica da região”, ressalta o diretor de Atração de Investimentos e Diversificação Econômica da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede), Thomas Cristofaro Warrener.
“O Trilhas de Futuro já é um programa intersetorial de Governo e a cada edição realizamos um mapeamento prévio para definir onde oferecer cada curso técnico. Esse mapeamento é feito com base na escuta ativa do setor produtivo, pela Sede, também usamos dados da Secretaria de Desenvolvimento Social (sedese), do mapa de demanda por educação profissional que é, inclusive, uma referência nacional. Também escutamos as nossas Superintendências Regionais de Ensino (SREs) e utilizamos dados do próprio Trilhas de Futuro sobre cursos que tiveram maior adesão e maiores evasões. Esperamos ser cada vez mais assertivos para que o Trilhas de Futuro de fato alcance seu objetivo de formar o jovem – e que ele possa ingressar no mercado de trabalho”, ressalta a assessora estratégica da SEE/MG, Clara Costa.
Análise completa
Vale ressaltar que todas as microrregiões do estado estão sendo analisadas. Entre diversas situações encontradas, destaque, por exemplo, para a demanda no município de Araxá por profissionais do curso de manutenção aeronáutica em célula. Este curso não é oferecido, ainda, por nenhuma instituição de ensino em Minas.
Pelos levantamentos realizados, as áreas que mais têm demandado profissionais capacitados são: administração, alimentos, cerâmica, contabilidade, desenvolvimento de sistemas, eletrônica, eletrotécnica, enfermagem, logística, manutenção de maquinas pesadas, mecânica, meio ambiente, produção de moda, química, segurança do trabalho, sistemas de energia renovável, vendas, vestuário e veterinária.
Sobre o Trilhas de Futuro
O projeto Trilhas de Futuro é uma iniciativa do Governo de Minas, por meio da SEE/MG, e tem como objetivo oferecer, gratuitamente, cursos técnicos de formação profissional, com perspectiva de empregabilidade, aproveitando-se da infraestrutura já existente e da expertise de instituições públicas e privadas.
Atualmente, aproximadamente 130 mil estudantes estão matriculados nas três edições do programa, em todo o estado. São 82 opções de cursos em 283 instituições credenciadas, em 133 municípios mineiros.
Além da oferta gratuita da formação, todos os alunos selecionados para participar recebem ajuda de custo de R$ 20 por dia para transporte e alimentação. O Governo de Minas já investiu cerca de R$ 1 bilhão no programa.