“Além da importância no processo de ensino-aprendizagem, o projeto possibilita que a gente reconheça alguns discursos de ódio e violência que ferem as minorias”, pontua a estudante Ana Emília Nicesio, do 1º Ano do ensino médio da Escola Estadual Professor Júlio Bueno, em Ibituruna.
“Reconhecendo esse tipo de discurso, podemos, na prática, não disseminar esses dizeres no dia a dia”, completa Diogo Oliveira, do mesmo ano escolar na instituição. Ambos são pesquisadores do Programa de Iniciação Científica na Educação Básica (Iceb) e fazem parte do Núcleo de Pesquisa que aprofundou os estudos no tema “Produção e recepção do discurso da violência em redes sociais na contemporaneidade”.
Mais que conhecimento acadêmico, o Iceb proporciona aos estudantes um aprofundamento em questões sociais e cotidianas, ao passo que permite a troca de ideias e a experiência na área de pesquisa. Como parte do cronograma do Iceb, os Núcleos de Pesquisa das escolas participantes já estão apresentando os projetos para a comunidade escolar e compartilhando suas descobertas.
Os estudantes de Ibituruna irão apresentar o estudo para a comunidade escolar na quinta-feira (31/08) mas já tiveram a oportunidade de compartilhar as descobertas com acadêmicos e professores do curso de Letras da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Luiz Guilherme Esteves, professor orientador da pesquisa, ressalta que foi um momento muito interessante, em que os alunos puderam falar sobre o projeto e ouvir as experiências dos graduandos e mestrandos da UFLA. “Esse contato dos alunos com o ambiente acadêmico foi muito importante, pois eles viram como a pesquisa funciona nesse ambiente que ainda é diferente para eles”, destaca.
Oportunidade de produzir e compartilhar conhecimentos
As apresentações das pesquisas produzidas pelos estudantes participantes do Iceb permitem que, além de aprender, eles produzam e compartilhem conhecimento. Como os estudantes dos dois Núcleos de Pesquisa da Escola Estadual Domingos Justino Ribeiro, em Mateus Leme, que apresentaram seus trabalhos na feira de ciências da escola. Segundo a professora Fabíola Fonseca, a feira acontece na escola desde 2014 e se tornou um ponto crucial da iniciação científica desenvolvida na instituição, que já teve projetos apresentados, inclusive, internacionalmente.
Fabíola é orientadora do projeto “História e Construção da Identidade Escolar: O Sentido de Pertencimento como Modulador de Transformação e Fortalecimento da Comunidade Escolar” e destaca que a iniciativa auxilia, de forma direta, no desenvolvimento de habilidades de escrita, leitura, interpretação e apresentação. Assim como de forma indireta, por meio do protagonismo juvenil, da aproximação dos estudantes com a escola, da identificação desses jovens com a instituição, promovendo um sentimento de pertencimento.
Kayky Pereira, estudante do 2º ano do ensino médio na EE Domingos Justino Ribeiro ressalta que a apresentação do projeto na feira de ciências o auxiliou a lidar com a timidez de falar em público, da mesma forma que a participação dele no Núcleo de Pesquisa é muito importante para seu futuro pessoal e profissional. “Eu conversei com várias pessoas, consegui falar com ex alunos e ex professores. Eles me contaram um pouco da história da escola, como eram as coisas (na época em que estiveram na instituição) e contaram curiosidades”, relata. O outro projeto apresentado no evento estudantil foi o “Just News: Construção de Mídia Escrita como Protagonismo Juvenil”, coordenado pela professora Rosana Silva.
I Simpósio Jovens Pesquisadores do Iceb
Com o intuito de proporcionar aos estudantes a experiência de participar de uma reunião científica e propiciar a troca de aprendizado e o intercâmbio cultural, professores orientadores do Iceb de cinco escolas diferentes promoveram o I Simpósio Jovens Pesquisadores do Iceb. O evento, que aconteceu no último sábado (26/8), em São Lourenço, reuniu seis Núcleos de Pesquisa e teve cerca de 70 estudantes envolvidos.
“Uma prática que antes ficava muito reduzida, ou direcionada, para o ensino superior sendo trazida para o ensino médio proporciona aos alunos essa vivência que é muito interessante. Esse foi um dos motivos pelos quais nós pensamos no simpósio”, explica Maria Heloisa Satiro, professora da Escola Estadual José Bonifácio, em São Vicente de Minas, que orientou o projeto “Desvendando o universo cultural dos jovens vicencianos”.
A estudante do 1º ano do ensino médio da instituição, Maria Antônia Guimarães afirma que, por meio do simpósio, pode enxergar outras realidades e, ao conhecer os outros projetos, percebeu coisas que podem enriquecer o trabalho do seu Núcleo de Pesquisa. “A troca de experiências entre eles, a forma de vivenciar o simpósio, de apresentar o seu trabalho para outras pessoas valoriza o projeto, o processo de comunicação, de exposição de ideias e, principalmente, a forma como eles se relacionam com os outros”, conclui a orientadora Maria Heloisa.
“Que isso sirva de incentivo e de motivação para que eles busquem mais pesquisas, mais conhecimentos científicos, saindo um pouco da rotina de sala de aula e sendo, realmente, protagonistas nessa construção de conhecimento”, pontua o professor Elio Dias de Souza, que orientou o projeto “Relacionando o rendimento escolar dos alunos com a alimentação e a atividade ou exercício físico”, do Núcleo de Pesquisa da Escola Estadual Henrique Diniz, em Barbacena.
Também participaram do Simpósio a Escola Estadual Professor Souza Nilo,com o projeto “Evasão escolar e a jornada da escola: trabalho entre os jovens estudantes de Itanhandu”; a Escola Estadual Visconde de Arantes, com o estudo “‘Veados’ e ‘caranguejos’ na terra de André: tradição em transição de uma cultura política; e a Escola Estadual Nossa Senhora Aparecida, com a pesquisa “Mapeando as diferentes paisagens do município de Passa Quatro / MG”. Além do Núcleo de Pesquisa do projeto “Ora pronóbis ‘Santa Proteína’”, também da Escola Estadual José Bonifácio.
Fotos: SEE-MG/Divulgação