“O estudante pode ser protagonista, pode sim construir e crescer. Isso pode melhorar o nosso futuro acadêmico, uma vez que o nosso trabalho foi premiado, vai ficar no nosso currículo”.
A afirmação inspiradora vem da estudante Anna Gabriella Oliveira Santos, do 7º ano do ensino fundamental na Escola Estadual Alcides Mendes da Silva, de Porteirinha, no norte de Minas Gerais. A escola é parte das 24 instituições estaduais selecionadas para participar da 24ª UFMG Jovem, que está acontecendo desde ontem (14/9) no Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e vai até o fim da tarde desta sexta-feira (15/9).
O objetivo do evento, que é coordenado pela Diretoria de Divulgação Científica da UFMG, é promover o intercâmbio e a troca de experiências entre a comunidade universitária, professores e estudantes da educação básica. Neste ano, o tema é “Ciência, cultura e diversidade dos povos: saberes em prol da vida”. As pesquisas acadêmicas são apresentadas na Feira da Educação Básica, uma das programações do evento. Na última edição da UFMG Jovem, duas escolas estaduais foram premiadas
A professora Jucinéia Fernandes Souza, que orientou a pesquisa “Biotecnologia com conhecimentos tradicionais de Gerazeiros do norte de Minas Gerais” — projeto que a escola de Porteirinha está apresentando no evento — ressalta que a pesquisa cientìfica abre portas e traz inúmeras possibilidades. “É uma forma de criar novos horizontes para que a aprendizagem se torne mais significativa e o estudante se torne protagonista no processo de ensino-aprendizagem”, afirma. Jucinéia conta ainda que o trabalho apresentado neste ano é um desdobramento de uma pesquisa desenvolvida por ela e pelas estudantes no ano passado, que também passou pela edição anterior da UFMG Jovem e foi uma das instituições premiadas.
A estudante Laura Sofia Alves Santos, também do 7º ano e parte da equipe, destaca que com um olhar explorador e uma mente de pesquisador é possível descobrir soluções a partir de elementos simples e que são encontradas no dia a dia. “Como esse trabalho da película biodegradável, que a gente desenvolveu com matérias que a gente tem na nossa região e que crescem na nossa biodiversidade.”
Além da Feira da Educação Básica, a 24ª UFMG Jovem tem uma programação diversificada que instiga os participantes e impulsiona a imersão dos estudantes nos conhecimentos científicos e sociais. Como o “Desafio: Como podemos promover a valorização e o respeito entre os povos?”, o “#ExploraUFMG” e o “Conversa com Cientistas”.
Descobertas que podem transformar os hábitos da sociedade
“O vício em telas não é tão divulgado quanto deveria. O nosso trabalho tem, então, o objetivo de conscientizar mais as pessoas de que esse vício não é menos grave que os outros, ele é tão grave quanto”, alerta Lívia de Oliveira, estudante do 9º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Professora Nilza Gomes Bergman, de Sarzedo. A equipe da escola foi selecionada para apresentar a pesquisa “Vício em telas: efeitos da exposição precoce de crianças às telas e seu abuso na adolescência”.
A estudante Anna Júlia Pereira, também do 9º ano, é parte da equipe da estudo e destaca que o interessante das pesquisas é que elas nunca têm fim e que sempre há algo que pode ser estudado para dar continuidade à investigação dos temas. Joelton Lima, professor orientador da pesquisa, destaca que, para os alunos, a pesquisa científica é o despertar de novas possibilidades. “Ela favorece não só o crescimento do educando como um ser humano social, um estudioso, mas também como um sabedor do contexto que o circunda.”
A Escola Estadual Professora Francisca Pereira Rodrigues, do município de Piraúba, foi representada com a pesquisa “Depressão Em Adolescentes De Uma Escola Pública: terapia em grupo”, apresentada pela estudante do 3º ano do ensino médio, Karen de Oliveira Jovino. A professora orientadora, Tatiane da Rocha Carias, conta que o projeto da escola teve início em 2019, a partir de uma pesquisa sobre depressão para a elaboração de gráficos matemáticos. No ano passado, a equipe teve a ideia de fazer uma nova pesquisa e elaborar um comparativo entre os dois resultados, pré e pós pandemia, o que culminou nessa pesquisa.
“Como notamos um grande aumento na porcentagem do comparativo que fizemos, tivemos a ideia de fazer uma terapia em grupo”, relata Karen. A estudante destaca que esse projeto da terapia em grupo está em fase de planejamento e organização para ser implementado na escola.
Edições anteriores
Em 2022, duas escolas estaduais foram premiadas na Feira da Educação Básica. Na categoria de Ensino Fundamental, a Escola Estadual Alcides Mendes Da Silva, de Porteirinha, que recebeu o terceiro lugar de destaque da Área de Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e Linguística, Letras e Artes. Nessa mesma área de conhecimento, mas na categoria de Ensino Médio, a Escola Estadual Prefeito Antônio Arruda, de Guiricema, recebeu o segundo lugar de destaque. A 22ª edição, em 2021, aconteceu de forma online e teve como destaques da categoria Ensino Médio da Área Ciências Agrárias, Ciências Exatas e da Terra e Engenharias as escolas estaduais Celso Machado, de Belo Horizonte, e Doutor Arthur Bernardes, de Sete Lagoas.
Fotos: SEE-MG/Divulgação