Com objetivo de mobilizar professores, estudantes e servidores da educação atuantes nas 47 Superintendências Regionais de Ensino (SRE), a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) realizou a live “20 anos da Lei 10.639/2003: onde estamos e para onde queremos ir”, na última quinta-feira (26/10).
O debate online, que permanece disponível no canal do Estúdio Educação MG, contou com a participação de Ivanilda Cardoso, gestora de Implementação de Projetos do Instituto Unibanco e da professora Luana Regina Mendes, mestre em geografia e professora da rede estadual, com mediação da analista educacional da SEE/MG, Elzelina Dóris dos Santos, da Coordenação de Educação Escolar do Campo, Indígena e Quilombola.
“É um momento de discussões para fortalecer os trabalhos que já existem na nossa rede e também de fomentar novos com a temática da educação das relações étnicos-raciais nas nossas escolas”, iniciou Fabiana Benchetrit, diretora de Modalidade de Ensino e Temáticas Especiais da SEE/MG.
Professora da rede estadual, Luana compartilhou com o público as práticas pedagógicas realizadas com os estudantes do ensino médio da Escola Estadual Governador Israel Pinheiro, em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, com a realização do projeto “Africanidades”.
De acordo com Luana, o projeto acontece durante todo o ano letivo e conta com o engajamento de professores de disciplinas da área de ciências humanas e em disciplinas presentes no currículo do ensino médio, como física, matemática, artes, projeto de vida e humanidades.
A “Acolhida Preta” é a primeira atividade, que ocorre em fevereiro, e envolve músicas, atividades artísticas e danças com intuito de acolher os estudantes. Em março e abril, acontecem projetos audiovisuais voltados para a Festa de Congado, de forte presença na cultura local.
Em maio e junho, são celebradas, em parcerias com as escolas das redes estaduais, municipais e federais de Ituiutaba, rodas de saberes sobre autoras femininas negras como Angela Davis, Bell Hooks, Maria Carolina de Jesus e Lélia González.
“A partir dos debates realizados, viemos com a proposta desafiadora de produção de podcasts com uma boa qualidade. Para isso, fechamos uma parceria com a Fundação Cultural de Ituiutaba e levamos os estudantes para gravar no estúdio, elaboramos um grande volume de material, que é reproduzido na rádio escolar”, detalha a professora.
Por último, em novembro, mês da Consciência Negra, acontece a apresentação dos resultados alcançados ao longo do ano. “É sempre muito feliz olhar para trás e ver com o quanto os estudantes estavam dispostos a participar, porque num primeiro momento, eles apresentam uma dificuldade socioemocional”, diz Luana.
Fechando o encontro, a pesquisadora Ivanilda Amado Cardoso, abordou os marcos históricos e legais para a implementação da Lei 10.639/2003 e apresentou algumas personalidades negras que servem como referência para a construção de propostas, instigando a reflexão quanto à implementação das lei nas escolas da rede: “onde estamos?” e “para onde queremos ir”?
“Nós que trabalhamos com educação tomamos decisões, escolas e professores não podem improvisar. Tem que desfazer a mentalidade racista e discriminadora secular, superando o etnocentrismo europeu, reestruturando relações étincio-raciais e sociais, desalienando processos pedagógicos”, ressaltou.