Três estudantes da Escola Estadual Geraldo Bittencourt, em Conselheiro Lafaiete, foram selecionados para participar da Genius Olympiad, uma das maiores feiras científicas do mundo, que acontecerá em junho de 2024, em Nova Iorque (EUA).
A participação do trio Ana Clara Guimarães, Alexandre Braga e Esther do Carmo na competição internacional foi conquistada por meio do projeto “Do outro lado do espelho: Narrativas de Nós e Poéticas do corpo n’(As)pirações das juventudes periféricas”.
O projeto foi premiado com nota máxima durante a Feira Mineira de Iniciação Científica (Femic) e recebeu a credencial, que funciona como um passaporte. O evento contou com a participação de 1.200 estudantes, de 136 cidades do país. A feira, que tem como objetivo contribuir para o progresso da educação científica, aconteceu de forma virtual entre os dias 11 a 25 de novembro.
A professora de artes e orientadora, Gislaine Antunes, conta sobre a satisfação do projeto ter sido selecionado para a Genius Olympiad. “É satisfatório mediar, juntamente com outros colegas professores, as oportunidades para os nossos alunos. Saber o quanto os estudantes da escola vão se sentir prestigiados ao ver os colegas de periferia em uma feira internacional graças ao trabalho que eles mesmos desenvolveram, é muito motivador”, afirma.
Desenvolvido na E.E. Geraldo Bittencourt desde 2017, quando os conceitos da iniciação científica passaram a ser incorporados na escola, por meio do Programa de Iniciação Científica na Educação Básica (Iceb) da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG), o projeto vem sendo aprimorado desde então. A escolha do tema partiu dos estudantes, que estavam inseridos nos Núcleos de Pesquisa e Estudos Africanos, Afrobrasileiros e da Diáspora (Nupeaas) e usaram as próprias vivências para desenvolver as atividades, em forma de autopesquisa.
Motivados a tratar sobre suas próprias narrativas, os alunos dividiram o projeto em quatro fases principais interligadas, de sensibilização, ação, sondagem e reflexão sobre o cotidiano de jovens da periferia. Foram estudadas obras como Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus e Pequeno Manual Antirracista, da autora Djamila Ribeiro. O grupo promoveu mapeamentos por meio de formulários, ateliês de contação sobre as obras e teatralizaram os relatos adaptados às vivências do dia a dia dos alunos.
“A iniciação científica mudou minha vida, pois me deu novas aspirações. Nos estudos que temos feito percebemos que apesar das frequentes dificuldades enfrentadas, por conta do racismo e intolerância à diversidade, nós podemos contribuir para uma transformação da sociedade, tornando-a mais tolerante e antirracista, a partir da produção científica, artística e filosófica”, diz Alexandre Braga, um dos estudantes participantes do projeto.
Escolas premiadas na Femic
Além dos estudantes da Escola Estadual Geraldo Bittencourt, outros projetos desenvolvidos em unidades de ensino da rede pública estadual de ensino foram reconhecidos na Feira Mineira de Iniciação Científica (Femic) e credenciados a participarem de outras feiras pelo país. São elas:
- E.E. Monte Sinai, de Esmeraldas, para a UFMG Jovem 2024;
- E.E. Mestre Tomaz Valeriano de Araújo, de Porteirinha, para a Feira da Iniciação Científica do Pontal do Triângulo Mineiro (FICP);
- E.E. Pinheiro Campos, de Oliveiras, para a Mostra de Ciência e Tecnologia da Escola Açaí (MCTEA), no Pará;
- E.E. Modestino Andrade Sobrinho, de Sete Lagoas, para a Feira de Ciências e Engenharia do Estado do Amapá.
Ainda durante a Femic, os três estudantes do projeto desenvolvido na E.E. Geraldo Bittencourt, além da orientadora Gislaine, ganharam bolsas de estudos em um dos maiores órgãos de incentivo à pesquisa do país, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Na ocasião, as estudantes Angelina Martins e Ketley Pimentel, da E.E. Modestino Andrade Sobrinho, em Sete Lagoas, também receberam bolsas da entidade federal.
Iniciação científica na Educação Básica
Desde 2017 o Iceb institui a iniciação científica nas escolas da rede estadual de ensino, em que é criado um núcleo de pesquisa composto por estudantes e professor orientador. O programa já atendeu cerca de 10 mil estudantes em todo o estado.
“Por meio do programa nós buscamos fortalecer a pesquisa nas escolas. Para ampliar a experiência e contato dos alunos com a área científica, os orientadores incentivam a participação em congressos e feiras, como é o caso da Femic. Atualmente a rede conta com 4 mil alunos envolvidos no programa”, pontua Mara Letícia, analista educacional da Coordenação de Temáticas Especiais e Transversalidade Curricular da SEE/MG.
Genius Olympiad
A Genius – Global Environmental Issues and Us – é uma competição internacional de projetos do ensino médio sobre questões ambientais. Fundada em 2011 e organizada pelo Terra Science and Education e pela Rochester Institute of Technology (RIT), ocorre anualmente em Rochester, no estado de Nova Iorque (EUA).
O foco principal da feira é reunir projetos de estudantes do mundo todo que estejam relacionados com o meio ambiente e o ser humano, ou seja, trabalhos voltados a questões ambientais. Além de trabalhos científicos, participam da Genius Olympiad trabalhos em outros âmbitos, como Artes Plásticas, Criação de Textos Literários, Projetos Arquitetônicos e Esportes.