Se tornar o primeiro médico da família é um sonho que está cada vez mais perto dos estudantes da rede pública. Essas histórias vêm se tornado cada vez mais frequentes na vida de estudantes das escolas da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG).
Eles se destacaram na edição do ano passado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a principal porta de entrada para o ensino superior no país, e garantiram vagas em universidades públicas por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
É o caso de João Vitor Fernandes Rodrigues Ribeiro, de 18 anos. O jovem, que estudou na Escola Estadual Padre José Silveira, em Varzelândia, no norte de Minas, e se classificou em primeiro lugar em Medicina, por meio das cotas quilombolas, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). De origem humilde, o futuro médico destaca o incentivo dos parentes com os estudos.
“Tenho origem na roça, então desde criança eu sempre fui incentivado a me dedicar na escola e valorizar o conhecimento. Principalmente pela minha avó, que não concluiu o ensino fundamental e me apoia muito nos estudos. Quero que outros meninos e meninas pretos e pobres vejam que é possível alcançar a aprovação”, revela. João Vitor também foi aprovado em medicina na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
Participação no Enem
Para incentivar ainda mais a participação de estudantes da rede estadual no Enem e vestibulares, a SEE/MG irá desenvolver ações ao longo do ano letivo de 2024, focadas no ensino médio.
“Serão desenvolvidas, como por exemplo, plataforma de estudos, participação em feiras e mostras de profissões, aulões ao vivo, dentre outras estratégias para possibilitar aos concluintes, se assim desejarem, o acesso ao ensino superior”, afirma a diretora de Ensino Médio da SEE/MG, Rosely Lima.
O diretor da Escola Estadual Adriano José Costa, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), Marcos Vinicius Moutinho, ressalta a relevância das ações desenvolvidas pela SEE/MG. “Ao longo do ano desenvolvemos diversas ações de incentivo para nossos alunos com o intuito de mostrar a importância do estudo para a vida, inclusive do nível técnico, uma das modalidades oferecidas em nossa escola. Iniciativas como o Programa de Recomposição de Aprendizagem (PRA) e Reforço Escolar, corroboram para a diversificação do currículo, e novas metodologias de trabalho”, afirma o diretor.
Aniely Silva de Oliveira é um dos destaques da E.E. Adriano José Costa. A jovem, ex-aluna do curso técnico em administração, é a primeira colocada no curso de zootecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Zona da Mata.
“Concluí o ensino médio em 2018 e em 2022 voltei para a escola, dessa vez para fazer o curso técnico em administração. O curso me ajudou muito com os cálculos da área de matemática do Enem. Além disso, a disciplina que eu tive em conciliar trabalho e estudos me ajudou a desenvolver as técnicas de aprimoramento e de estudos para a redação, que me rendeu os 880 pontos”, conta a estudante, que sonha em trabalhar com animais.
Porta de entrada
O Enem possibilita não só a entrada dos candidatos para as universidades públicas, como também pode oferecer o curso desejado com bolsas de 50% ou 100% pelo Programa Universidade Para Todos (Prouni).
Este é o caso da Larissa Fernandes Santos, da Escola Estadual Senador Melo Viana, em Moeda, na RMBH, que conseguiu 100% de bolsa em uma faculdade particular para cursar Ciências Contábeis. Apesar dos desafios e da responsabilidade em fazer o Enem, a jovem ressalta o apoio da escola e da família.
“A escola realizava simulados e redações como preparação para o exame. Sempre tive familiaridade com os números e pela empregabilidade da área escolhi o curso”, conta a jovem animada com a graduação.
As aprovações nas mais diversas engenharias também são realidade para a rede estadual. O curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) ganhou uma nova caloura. Larissa da Silva Cardoso, que estudou na Escola Estadual Abeilard Pereira, em Lagoa Dourada, está vivendo uma realização.
“Engenharia de Produção sempre esteve nas minhas opções de curso. Ter sido aprovada logo após concluir o ensino médio é uma satisfação enorme. A escola foi fundamental na minha capacitação. A oferta do curso preparatório para o Enem me ajudou a organizar as ideias e estruturar uma boa redação. Agradeço o apoio dos professores, em especial o William Resende, de matemática, que me ajudou muito na área de exatas do exame”, pontua a futura engenheira.
Alunos do EMTI no Sisu 2024
Estudantes que cursaram o Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI) vem apresentando bons resultados nas aprovações das universidades públicas. César Augusto Tiago Totô, da Escola Estadual Mestre Zeca Amâncio, em Itabira, é um dos exemplos. O candidato, aprovado em Ciência da Computação na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), conciliou o tempo integral na escola com uma rotina extra de estudos em casa.
“Eu chegava da escola por volta das 17h e fazia as provas de edições passadas do Enem até as 22h. Além disso, aos sábados eu focava em redação”, afirma o jovem da área de tecnologia da informação. “É muito gratificante ver o grande número de estudantes do EMTI aprovados no Sisu 2024. Isso nos mostra que estamos desenvolvendo uma política educacional de resultados positivos”, pontua.
O trabalho com as atividades integradoras amplia os repertórios, a profunda os aprendizados e para além disto a proposta de trabalho com as habilidades socioemocionais preparam o estudante também para o exaustivo momento da prova.
“Na educação integral a formação acadêmica de excelência possibilita técnicas eficazes de aprendizagem para o desenvolvimento cognitivo dos estudantes enquanto a formação para a vida possibilita o desenvolvimento de habilidades como autoconhecimento e autorregulação tão importantes para que este momento de ingresso na vida acadêmica seja um sucesso”, afirma a coordenadora do Ensino Médio em Tempo Integral da SEE/MG, Cláudia Lobo.