Adaptações são feitas pelas escolas e levam em consideração a realidade de cada estudante e comunidade
25 de Junho de 2020
Yasmin Vitória Clemente Silva é aluna do 4º ano do ensino fundamental do Instituto São Rafael, escola especial, localizada em Belo Horizonte, que tem como público estudantes com deficiência visual. Ela recebeu em sua casa o Plano de Estudo Tutorado (PET) em Braille e está com sua rotina de estudos em dia. “Foi ótimo receber o material. Estou gostando muito”, conta.
Para Angelita Silva, mãe da estudante, o fato da escola encaminhar um material que atende a necessidade de sua filha demonstra uma atenção especial. “Acompanho de perto os estudos dela e achei o material muito bom. O envio do PET em Braille é como se a escola estivesse nos dizendo que não se esqueceu de nós”, revela. Os PETs em Braille e os ampliados estão sendo produzidos pelos Centros de Apoio Pedagógico às pessoas com Deficiência Visual (CAPs). Yasmin recebeu, em sua casa, o PET em Braille.
Neste momento de isolamento social causado pela pandemia da Covid-19, a produção e distribuição dos Planos de Estudos Tutorados para estudantes com deficiência visual é apenas uma das ações que a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) vem desenvolvendo com foco na inclusão dos estudantes que são atendidos pelas diferentes modalidades especiais de ensino.
Para os alunos da educação especial, os professores que atuam no Atendimento Educacional Especializado (AEE) utilizam o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) do aluno para a produção do material. O PDI é um documento de acompanhamento do desenvolvimento e aprendizagem do estudante da educação especial.
A diretora da Escola Estadual de Educação Especial Risoleta Neves, em Ituiutaba, Katiuce Cristine Araújo Ribeiro, ressalta a importância dos educadores conhecerem bem seus alunos para que possam realizar as adequações dos PETs. “É necessário ter clareza do nível de desenvolvimento dos estudantes e de suas habilidades. Ao fazer a adaptação, temos como foco as atividades que o aluno já desenvolveu e suas potencialidades. Tudo é feito tendo como base o Currículo Referência de Minas Gerais”.
Alunos da Escola Estadual de Educação Especial Risoleta Neves, em Ituiutaba, também receberam os PETs adaptados. Foto: Arquivo da escola
Na escola, a adaptação do Plano de Estudo Tutorado é feita de forma coletiva. Segundo Katiuce, o resultado está sendo positivo. “Temos uma resposta muito boa por parte dos nossos alunos e está sendo um trabalho enriquecedor”, afirma. A partir de sua experiência com a adaptação dos PETs, a gestora está socializando suas práticas com os colegas pelas redes sociais.
Na Escola Estadual Secretário Tristão da Cunha, no município de Divisa Nova, a aluna do 9º ano do ensino fundamental, Joice Vitória Aparecida Figueiredo, ficou muito feliz com a atenção oferecida pela escola e falou da importância do material que recebeu. “Tem muitas imagens e gosto da parte de ciências. A minha professora de apoio me liga e me ajuda a fazer as atividades. Sinto falta da escola, mas estou aprendendo muito”, afirma. A estudante tem Deficiência Intelectual e Autismo.
Outra ação que vem sendo desenvolvida para atender os estudantes é a produção de Planos de Estudos Tutorados em Libras. A ação é resultado de uma parceria entre a SEE/MG e o Movimento Bilíngue.
O conteúdo do PET que a aluna Joice mais gosta é o de ciências.
Além disso, todas as teleaulas do programa Se Liga na Educação, que são transmitidas pela Rede Minas, de segunda a sexta-feira, sempre das 7h30 às 12h30, contam com intérpretes de Libras.
Educação Indígena
Na educação indígena, a partir de reuniões realizadas entre as lideranças indígenas, diretores escolares, equipe da SEE/MG e das Superintendências Regionais de Ensino (SREs), as comunidades tiveram autonomia para produzir seus próprios PETs ou fazer adaptações. Os Maxacali, por exemplo, elaboraram os Planos de Estudos Tutorados em seu idioma e de acordo com a sua cultura.
Os Pataxós também produziram seus próprios materiais, como explica o diretor da Escola Estadual Pataxó Bacumuxá, em Carmesia, Francilon Silva Oliveira. ”Foi muito importante para nós ter a oportunidade de construir nosso próprio PET. Ele reflete a nossa cultura”, conta o diretor. A escola atende a alunos de quatro aldeias e os PETs foram impressos e entregues nas casas de cada estudante.
Na educação indígena, os PETs também estão sendo adaptados.
Guias para auxiliar pais e/ou responsáveis
Para orientar pais e/ou responsáveis do estudante que é público da educação especial, a SEE/MG está desenvolvendo guias que têm por objetivo auxiliar no desenvolvimento das atividades remotas. Já está disponível um guia que destaca a importância de estabelecer uma rotina diária de estudo com os alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e com Deficiência Intelectual.
Além do guia, pais e/ou responsáveis também podem acessar a um vídeo que pretende auxiliar na realização de atividades que contribuem para o desenvolvimento do estudante cego, que ainda não faz o uso do Braille, e está em processo de alfabetização.
Os guias e o vídeo estão disponíveis no site estudeemcasa.educacao.mg.gov.br, na aba “Guias Práticos”.