Ludmila Neves Messias, da EE Miguel Rogana, município de Campo Belo, também retomou os estudos. Fotos: Arquivo Pessoal
Diretores das escolas estaduais realizaram diversas estratégias de busca ativa para trazer o estudante para a escola
11 de Setembro de 2020
Adilson Júnior de Araújo é aluno do 6º ano do ensino fundamental na Escola Estadual Waldemar Araújo, no município de Corinto. Mas, quem hoje conta feliz sobre a importância de fazer as atividades escolares, não tinha o mesmo olhar no início do ano. Ainda nas aulas presenciais de 2020, ele estava indo poucas vezes à escola e tinha decidido, então, que não queria mais continuar os estudos. Mas a ação de busca ativa feita pela diretora da unidade escolar mudou esse cenário.
Segundo o aluno, algumas brincadeiras feitas pelos colegas o incomodavam e ele estava desistido. Ele conta, ainda, que a diretora até tentou convencê-lo, mas ele não queria continuar a estudar. A mudança veio depois de uma nova conversa com a gestora da escola. Ao entregar as apostilas impressas do Plano de Estudo Tutorado (PET) para a irmã de Adilson, que também estuda na escola, a diretora Aline Rosemarq de Souza Ferreira abordou o aluno e o convenceu a voltar a estudar e, dessa vez a busca ativa, deu certo. “Ela veio e conversou comigo. Mostrou para mim como estava funcionando e eu decidi voltar. Está sendo muito bom. Estou fazendo tudo e, quando voltar presencial, pretendo continuar”, revela.
A retomada das atividades teve o apoio da mãe, Lucimara Cardoso de Oliveira. “Eu não tive oportunidade de estudar e isso me fez muita falta. Falei com ele sobre a importância dos estudos, principalmente, para arrumar um bom emprego. Quero o melhor para os meus filhos”, afirma.
Depois de escutar os conselhos da mãe e das professoras, Adilson não só está fazendo as atividades do Regime de Estudo não Presencial, como também fica ansioso para receber o Plano de Estudo Tutorado (PET). “Quando termino um PET já fico esperando o outro chegar. Estou bem empenhado em fazer as atividades”, conta o estudante.
Retorno às atividades
Histórias parecidas com a de Adilson se repetem por todo o estado e ações como a da diretora Aline também. Desde 2019, os gestores escolares estão atentos aos alunos faltosos e realizam ações de busca ativa. E não foi diferente com o Regime de Estudo não Presencial, essa iniciativa foi intensificada e alunos que estavam infrequentes no início do ano retomaram à rotina de estudos durante o ensino remoto.
Ludmila Neves Messias é outra estudante da rede estadual de ensino que viu no ensino remoto uma oportunidade de retomar os estudos. Ela havia desistido de estudar, em 2019, por problemas pessoais. Este ano, quando a diretora da Escola Estadual Miguel Rogana, em Campo Belo, ligou e conversou sobre a possibilidade de retorno, a aluna aproveitou a oportunidade. “O ensino remoto chamou minha atenção. Fica mais fácil para eu me organizar. Estou fazendo tudo certo, do jeito que tem que ser. Vou continuar até o final e me formar”, conta.
Ao realizar a busca ativa, a diretora Loide Soares Barbosa Garcia ligou e contou sobre a possibilidade de estudo remoto implementado devido à pandemia da Covid-19. “Liguei para todos os alunos que estavam infrequentes ou que no ano passado tinham abandonado a escola. Conversamos muito com eles”, afirma.
Na Educação de Jovens e Adultos (EJA), Denise Antônio Marinho, aluna do 1º ano do ensino médio da Escola Estadual Lauro Epifânio, em Divinópolis, estava afastada dos estudos por problemas de saúde e contou com o apoio da escola e dos colegas de sala no retorno. “Quando se tem apoio, você consegue ir em frente. Na escola, eles nos tratam com muito respeito. Com o apoio de todos, consegui voltar e estou firme. Tenho algumas dificuldades, mas vou superar. Estou fazendo todas as atividades”. Ela ainda completa dizendo que “voltar fez bem para minha saúde e autoestima”, conclui.
Busca ativa
A busca de alunos que estavam infrequentes ou quase abandonando a escola se tornou uma prática constante nas unidades de ensino estaduais. Os gestores e professores ficam atentos à frequência do estudante e quando percebem um número incomum de faltas realizam estratégias pontuais, como telefonemas para as famílias e, em alguns casos, visitas às residências dos alunos, sempre seguindo as determinações de segurança sanitárias. No ano passado, entre julho e agosto, a ação conseguiu trazer de volta para as salas de aula cerca de 15 mil estudantes.
Para subsidiar as ações de busca ativa dos possíveis desistentes, a SEE/MG encaminhará para as escolas, por e-mail, um relatório contendo o nome dos estudantes que estiveram infrequentes durante o período das aulas presenciais ou que mesmo estando frequentes, tiveram eventualmente dificuldades em acessar as atividades não presenciais.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação é papel dos estabelecimentos de ensino informar aos responsáveis legais a frequência e rendimento dos alunos e a execução da proposta pedagógica da escola. Além disso, ao constatar quais são os estudantes infrequentes, as escolas devem notificar o Conselho Tutelar do município para que atuem junto às famílias, colaborando, assim, na busca ativa dos estudantes.