Darc Lane Soares de Souza Assis atua na Educação Especial há 20 anos./Foto: Arquivo pessoal
Nas escolas estaduais que ofertam as diferentes modalidades de ensino, educadores contam sobre o fortalecimento dos laços entre alunos e professores, ajudando a consolidar o aprendizado
15 de Outubro de 2020 ,
Na semana em que se comemora o Dia do Professor, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) está trazendo uma série sobre o trabalho desenvolvido por vários professores da rede pública estadual de ensino durante as atividades remotas realizadas pelas escolas, neste momento em que as aulas presenciais estão suspensas. Na matéria de hoje, você vai conhecer um pouco as histórias de educadores que atuam em escolas que ofertam diferentes modalidades de ensino.
Darc Lane Soares de Souza Assis atua na Educação Especial há 20 anos e, desde o início do ano, devido à pandemia da Covid-19, está desenvolvendo atividades que devem atender às especificidades de seus alunos, mesmo que a distância. A professora destaca que nunca viveu uma experiência assim, mas que está tendo a oportunidade de criar uma conexão maior com o estudante.
“É preciso me colocar no lugar do aluno. Fazemos a adaptação do Plano de Estudo Tutorado (PET) da melhor maneira possível. Assim, consigo me expressar com o estudante e busco fazer com ele entenda as iniciativas. É difícil colocar em palavras a relação que estamos desenvolvendo. É uma questão de empatia”, conta Darc Lane, que é professora de Sala de Recurso na Escola Estadual Benjamin da Cunha, no município de Pavão.
Para a educadora, desenvolver essa conexão com os estudantes, a partir da adaptação dos PETs, é promover a inclusão. “Essa experiência que estamos passando é uma coisa nova para todos nós. É um momento que abriu muito minhas expectativas, me trouxe coisas que, mesmo em todos estes anos de experiência, eu não havia percebido. Estamos buscando realmente que haja inclusão”, afirma Darc Lane.
Alzira de Oliveira Henrique é outra professora que estreitou a relação com os alunos durante esse período. Aposentada de um cargo e atuando, há 7 anos, na Escola Estadual José Teixeira Franco, localizada em Aimorés, a docente conta que suas aulas acontecem toda sexta-feira. “Eu passo atividades para eles e gravo vídeos com historinhas. O incentivo da leitura é muito importante”, conta Alzira.
Alzira de Oliveira Henrique é professora na Escola Estadual José Teixeira Franco, em Aimorés./Foto: Arquivo pessoal
A escola onde Alzira trabalha é da modalidade Educação do Campo e o retorno das atividades está sendo positivo. “Estou fazendo contação de história para os meus alunos e essa ação me deixou bem mais próxima deles, mesmo no ensino remoto. Sempre recebo recadinhos falando que eles estão com saudades e que gostaram das histórias. Está sendo muito bom esse retorno”, ressalta a professora que, atualmente, trabalha na biblioteca.
Na Escola Estadual Indígena Pataxó Muã Mimatxi, no município de Itapecerica, os Planos de Estudos Tutorados também foram adaptados e alguns precisaram ser criados pelos professores para atender às questões culturais. Além de disciplinas comuns à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), há a valorização da língua materna e as crianças Pataxó aprendem, ainda, sobre o uso do território, jogos, brincadeiras, entre outros.
“Hoje, nossa escola está trabalhando, constantemente, com as famílias. Estamos tendo um contato mais próximo com as especificidades dos alunos porque o professor tem que estar atento a isso. Ele tem que fazer parte da comunidade escolar e não ficar de fora dela”, conta o professor e diretor da escola, Siwê Pataxó.
O educador também destaca como a escola está alinhando a tecnologia com a questão cultural. “Estamos dominando a tecnologia, não como forma de passar em cima da nossa cultura, mas agregando na produção do nosso material didático”, conclui Siwê.
Siwê Pataxó, professor e diretor da E.E. Indígena Pataxó Muã Mimatxi, em Itapecerica./Foto: Arquivo pessoal
A tecnologia também está sendo utilizada para aproximar ainda mais alunos e professores da Escola Estadual Governador Valadares, em Ubá. Em 2015, a unidade de ensino teve o reconhecimento como escola quilombola e, desde então, a professora de história, Priscila Vieira Mattos, vem desenvolvendo estratégias para trabalhar com os alunos suas identidades e superar a invisibilidade social.
Uma dessas ações é a “Semana Quilombola”, na qual toda a comunidade é convidada a discutir diversas temáticas. Este ano, com a pandemia, a iniciativa não deixou de ser realizada. Eles apenas tiveram que mudar o formato, o que agradou. “Este isolamento está sendo um momento de esclarecimento e aprendizado para todos os docentes. Com a mostra on-line, conseguimos trazer convidados de fora, que agregaram muito conhecimento. Vamos continuar com as mostras e agregar a tecnologia às nossas atividades”, conclui.
Priscila Vieira Mattos professora da E.E. Governador Valadares, em Ubá./ Foto: Arquivo pessoal